Território-pele

2016 - 2018

Lacan nos diz que "O lugar do outro é o corpo"; as imagens e os arquétipos propostos no processo de Território-pele buscam delinear esse corpo que comunica e age, que expressa nosso "estar no mundo" - entre domínios, sexualidades, alteridades - utilizando para isto figuras humanas e písceas, peles que somos e que não somos, buscando tatear estas questões.
Senti aqui, em diferentes técnicas e suportes, um inquietude em olhar para os corpos com um olhar de quem também buscava olhar o próprio corpo e a própria história ali sedimentada. Falar do próprio corpo também é dissecar o olhar construído pelo gênero, pelos traumas e por cada tentativa de controle que nos é ensinada. O corpo do peixe vem como uma recorrência marítima no trabalho, como um vocabulário acessível e natal, mas percebo nele uma reafirmação constante sobre o encontro entre duas estâncias aparentemente incompatíveis: do animal humano com o animal písceo. Comecei a olhar para elas como consciente e inconsciente, o dito e o não-dito, deixando sempre que a imagem conduzisse as possibilidades de leitura.
Território-pele me diz muito sobre a busca pelo encontro, consigo mesmo e para com o outro.