Como Guardar Paisagens

2018 - em processo

Como Guardar Paisagens acontece em continuidade à Causas e Razões das Ilhas. Aqui, o processo de elaborar as imagens modifica-se. Produzo imagens que partem de autorretratos meus ou de referências fotográficas cedidas - por pessoas de um círculo afetivo íntimo ou por um processo de aproximação através da própria pesquisa - de modo a ampliar o registro e, consequentemente, a memória associada à imagem, inserindo signos estrangeiros. Apresento assim gesto que tenta compreender como guardar essas paisagens, esses momentos, em um procedimento de insistência: imbricar escrita poética, registros de si e do outro e representações permeadas por simbologias de sonhos, em uma única pele. Utilizo giz pastel seco sobre papel, técnica que gera um pó excessivo e vulnerável, e conversa com a mitologia da aspersão da areia de sonho nos olhos.
Nesse lugar de construção partilhada, a série opera poeticamente um lugar de encantamentos, de aproximação e de perpetuação; é tentativa de proteger esses corpos e afetos da agrura e do apocalipse do mundo, propondo outros, infinitos e litorâneos, isolados em ilhas tanto quanto conectados entre si, fundando possibilidade narrativa em cada encontro com cada olhar.