CATAPLOFT

2021
formato digital


Exposição de fechamento do ciclo 2021.1 do programa de acompanhamento crítico Imersões Poéticas da Escola Sem Sítio, Cataploft é uma proposição em formato digital que dê conta do contexto pandêmico de isolamento social estrito e dos distanciamentos geográficos. Com curadoria de Pollyana Quintella, nove artistas do programa, de diferentes cidades e estados, propuseram-se a apresentar suas pesquisas, desenvolvidas durante o percurso no primeiro semestre do ano e apresentadas no endereço cataploft.art, no ar entre 23/11/2021 e 24/02/2022.
Participam da exposição Anna Beatriz Machado, Benedito Ferreira, Bruno Ferreira, Cássia Nunes, Lara Ovídio, Luiz Sisinno, Marcella Araújo, Mariana do Vale, Thadeu Dias.


Nas palavras de Pollyana, “A despeito das singularidades de cada um, gostaria de apontar dois grandes eixos de leitura. Em primeiro lugar, há trabalhos interessados aqui em perscrutar o estado de pós-utopia que entrelaça nossa relação com o presente e o futuro. Não é nenhuma novidade que os modelos civilizatórios do ocidente apresentam, com cada vez mais radicalidade, falências múltiplas. Se na época moderna o futuro era imaginado como metáfora do progresso, hoje desconfiamos dessa ideia. A perspectiva de futuro utópico, que traria respostas para os problemas e fracassos do presente, anda em crise. Nesta via, veremos pesquisas que rondam os traços de um real estilhaçado e às voltas consigo mesmo através de ficções especulativas diversas (...) Em segundo lugar, há um conjunto de trabalhos em torno das “escritas de si”, cujo cerne é a exploração da auto ficcionalização, da fabulação das identidades e da aproximação entre o individual e o coletivo; o íntimo e o público. Aqui, com mais ou menos ênfase, vemos a presença da primeira pessoa, em que se identificam aspectos de discurso autobiográfico. Não se trata, porém, de performar a autoficção para estabelecer uma identidade fixa e unívoca, ao contrário, o gesto se aproxima mais do reconhecimento de um outro — o estrangeiro, o estranho — no seio de si mesmo.”
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Dentro deste segundo eixo, apresento As Ilhas Que Vimos Juntos, trabalho em vídeo que parte do território emocional pronunciado no encontro entre duas pessoas, da fundação de suas linguagens e seus signos próprios, para tratar em vias paralelas - a imagem e a escrita – os movimentos de encontro, desencontro, permanência e impermanência. Partindo da autorreferência em direção à especulação poética, As Ilhas propõem um corpo que é registro de um acontecimento mas também invenção, mensagem que busca o olhar terceiro, estrangeiro, como meio de sobrevivência e como perpetuação da memória e do mistério. As Ilhas Que Vimos Juntos são também o que não vemos e o que não está às claras.

Este vídeo parte da manipulação digital de uma obra em pastel seco sobre madeira, junto à captação de áudio da leitura de textos de prosa poética escritos durante o ano de 2021.