Ant_ Corpo,
2018Fortaleza
Resultado do curso "Entre o corpo e o território, a cicatriz: imagem/alteridade/biografia", realizado pela Sem Título Arte, com coordenação de Bitú Cassundé, a coletiva Ant_ Corpo foi uma forma de trabalhar as discussões relacionadas à esta formação, onde alunos-curadores-artistas se propuseram a trabalhar em dois grupos - entre exercício de curadoria e apresentação de obras inéditas - em construções e decisões coletivas e horizontalizadas, contando com a tutoria de Bitú do final do curso à montagem da exposição.
Projeto apoiado pelo Edital das Artes de Fortaleza 2016 – Secultfor, a exposição ocupou o espaço da galeria de 21 a 30 de novembro.
Apresentei a instalação Arquipélago. Partindo de três diferentes práticas - fotografia, giz pastel seco sobre papel, escrita poética - reunidas em um único corpo propositivo, Arquipélago é a reunião de pesquisas em torno da paisagem física e da paisagem emocional, em torno do gesto de escrita, de pintura e de caminhadas litorâneas.
Sobre a obra
A metáfora insular é algo de arcar com o possível da carne e do olhar, de respeitar o indizível, do que podemos acolher e do que devemos abandonar. É estar em um território primeiro de si e conquista-lo, também deixar-se conquistar. A ilha abrupta no imenso plano versa sobre a solidão fundamental que nos arredoa; condição que nos conduz à retornos, reencontros, recriação de mundos constante. É pedido de que sejamos travessia com e no próprio corpo.
texto manuscrito
Este texto está por um fio
como os segredos das mães dos pais
namoros secretos términos de relação
dessa gente toda amada na imaginação
Clarisse disse: a gente só ama imaginação
porque o que dizemos fala unicamentede si e como vemos o que nos olha e
nos tocamos com dedos macios e pontiagudos
que podem muito bem machucar ou muito mal
Bianca lembrou: o encontro é uma ferida
como as fronteiras também o são
o tempo de compreender também o é
as rotas as tatuagens os beijos os mapas
todos ardem feito olhos vermelhos
Raisa olhos nos olhos disse: amor
juntando distância geografia tempo gratidão
As palavras nos dão as mãos
as palavras possuem lâmina de corte
as palavras tem feição de arma secreta
as palavras fazem sotaque a depender
de que região do corpo são gentílicas
Sinto um rebuliço pré-natal
dores enjôo ansiedade peso
Algo parece que irá nascer
Corpo, me ajuda com isto?
Estou aprendendo a pôr no colo o medo
desaprendendo o que guardo como certo
para tocar o que machuca e dar
banho perfumado nessa parte de mim olhando com atenção para amar o que vejo
O amor está nos bichos selvagens
na tigresa ou no lambari está o amor
na baleia ou no marimbondo
na última instância da manobra evasiva
na calmaria que procede a colisão violenta
O amor é aceitar também aquilo que o outro não temcondições de dar.
como os segredos das mães dos pais
namoros secretos términos de relação
dessa gente toda amada na imaginação
Clarisse disse: a gente só ama imaginação
porque o que dizemos fala unicamentede si e como vemos o que nos olha e
nos tocamos com dedos macios e pontiagudos
que podem muito bem machucar ou muito mal
Bianca lembrou: o encontro é uma ferida
como as fronteiras também o são
o tempo de compreender também o é
as rotas as tatuagens os beijos os mapas
todos ardem feito olhos vermelhos
Raisa olhos nos olhos disse: amor
juntando distância geografia tempo gratidão
As palavras nos dão as mãos
as palavras possuem lâmina de corte
as palavras tem feição de arma secreta
as palavras fazem sotaque a depender
de que região do corpo são gentílicas
Sinto um rebuliço pré-natal
dores enjôo ansiedade peso
Algo parece que irá nascer
Corpo, me ajuda com isto?
Estou aprendendo a pôr no colo o medo
desaprendendo o que guardo como certo
para tocar o que machuca e dar
banho perfumado nessa parte de mim olhando com atenção para amar o que vejo
O amor está nos bichos selvagens
na tigresa ou no lambari está o amor
na baleia ou no marimbondo
na última instância da manobra evasiva
na calmaria que procede a colisão violenta
O amor é aceitar também aquilo que o outro não temcondições de dar.